terça-feira, 1 de janeiro de 2013

A Cigana da Estrada e o Motociclista...


Ainda me recordo da primeira vez que a vi, parada e sorrindo na curva da grande estrada. A bainha da saia vermelha, levantada até a altura da cintura e o sorriso era a coisa mais pura, parecendo uma deusa encantada.
Lindos brincos de argola presos à orelha, um lenço de seda que parecia macio como lã de ovelha cobria-lhe os cabelos grandes e esvoaçados. Um pequeno sinal junto aos lábios carnudos davam-lhe um toque a mais nos seus olhos escuros cujo brilho jamais por mim fora sonhado.
Seu corpo era uma obra de arte, havia beleza em todas as partes, desde o movimento do pescoço, a cintura fina, as pernas torneadas, os seios exuberantes e no rosto o sorriso dengoso.
Me encanta todas as vezes que a vejo, mas quando paro a motocicleta ela simplesmente desaparece, como se aquilo fosse uma brincadeira. Encontro-a nas muitas estradas do meu caminho, no norte, no sul, leste e oeste e já até sonhava tê-la como companheira.
Em muitos momentos de perigo em que passo, sinto suas suaves mãos sobre as minhas, me direcionando e afastando-me do pior. Mas como sempre acontece, de repente ela some como se fosse apenas uma visão. Mesmo sem chegar perto, mesmo de vê-la somente de longe, aquela encantadora criatura invadiu meu coração.
Continuo hoje por estes caminhos sem fim e me agrada acreditar que ela está sempre perto de mim, e que de alguma forma é como meu anjo protetor. Um dia espero que me permita chegar junto dela e de uma forma singela, lhe falar do meu amor. E quando algum dia eu sumir alguém perguntar por onde estarei agora... já terá vencido minha hora...esta vida estará terminada. Muitos certamente responderão, sem qualquer hesitação:
- Partiu com a Ciganinha da Estrada.
Roberto Árabe

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