terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Rosa dos ventos


Não foi por acaso que o meu sangue que veio do Sul se cruzou com o meu sangue que veio do Norte. Não foi por acaso que o meu sangue que veio do Oriente se cruzou com o meu sangue que veio do Ocidente.
Não foi por acaso nada de quem sou agora.
Em mim se cruzaram finalmente todos os lados da terra. A Natureza e o Tempo me valeram: séculos e séculos ansiosos por este resultado um dia e até hoje fui sempre futuro. Faço hoje a cidade do Antigo e agora nasço novo como ao Princípio: foi a Natureza que me guardou a semente apesar das épocas e gerações.
Cheguei ao fim do fio da continuidade e agora sou o que até ao fim fui desejo.
O Centro do Mundo já não é o meio da terra vai por onde anda a Rosa dos Ventos vai por onde ela vai anda por onde ela anda.
Agora chego a cada instante pela primeira vez à vida já não sou um caso pessoal mas sim a própria pessoa.
José Sobral de Almada Negreiros

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.